O legado de Dom Alessio para a Diocese de Ponta de Pedras

 

Por: Pe. Antonio Cardoso

Neste ano de 2020 estamos tendo a grata satisfação de celebrar dois momentos muito especiais na vida de nosso bispo emérito Dom Alessio Saccardo: seus 80 anos de nascimento e seus 50 anos de vida sacerdotal, ambos no mês de setembro.

Dom Alessio nasceu no dia 21 de setembro de 1940 em Marano Vicentino- Itália e foi ordenado sacerdote no dia 05 de setembro de 1970. Em 2002 foi sagrado bispo e assumiu o governo da Diocese de Ponta de Pedras, em substituição a Dom Ângelo Rivato, que, completando a idade canônica, tornou-se emérito.

Quando Dom Alessio assumiu a Diocese havia uma grande necessidade de se investir numa organização administrativa da mesma. O mundo, o Brasil e a Igreja estavam em processo de mudanças, por isso se exigia um maior rigor nessas questões administrativas, em vista de aprovação de projetos, exigências trabalhistas, etc.

Quando Dom Alessio chegou, a Diocese já havia alcançado uma certa estabilidade no campo pastoral, o que se deve principalmente à bondade de Deus, que atuou pelo trabalho incansável de nosso saudoso Dom Ângelo Rivato. As pequenas comunidades haviam sido implantadas em todos os recantos da Diocese, já haviam sido ordenados padres os primeiros filhos da terra, que já se encontravam em ação missionária nas paróquias. O Seminário Maior, já consolidado, recebia os jovens marajoaras que despertavam para a vocação sacerdotal.

Entretanto, com a chegada de Dom Alessio, era necessário avançar para águas mais profundas. Era necessário olhar para as necessidades mais urgentes.

Sabemos que uma Igreja Particular com características de área de missão, sem recursos financeiros próprios, depende, para poder sobreviver, da ajuda de fora. Porém, não pode permanecer para sempre assim. É necessário pensar e concretizar maneiras que proporcionem a autossustentação. E esta foi uma das metas pensadas por Dom Alessio: que pudéssemos ir rompendo com a situação de dependência de recursos externos e caminhássemos com as nossas próprias pernas.

Para isso, seria necessário pensar em muitas ações a serem realizadas: organização contábil e financeira da cúria e das paróquias, fortalecimento do dízimo, desfazer-se dos bens que só geravam despesas ao invés de receitas, investir naqueles que poderiam se tornar uma fonte de renda, etc; e assim potencializar a autossustentação da Diocese.

As paróquias, que até então dependiam única e exclusivamente da cúria para a sustentação dos padres e das irmãs, através de um esforço conjunto, foram adquirindo sua independência financeira, passando inclusive a colaborar substancialmente com a manutenção do seminário.

No governo de Dom Alessio entramos num período de amadurecimento como Igreja Diocesana, onde os filhos adquirem os seus próprios meios de sustentação, sem ficar na dependência dos outros.

Alguns fiéis diocesanos não entenderam a postura de Dom Alessio e até foram críticos contundentes ao seu governo, fazendo comparações com Dom Ângelo, porque tiveram uma visão distorcida da realidade e não conseguiram enxergar o grande bem realizado por Dom Alessio em favor da Diocese ao longo dos seus 13 anos de pastoreio.

Em junho de 2015, quando aguardava a chegada de Dom Teodoro como bispo coadjutor, Dom Alessio concedeu uma entrevista ao jornal Voz de Nazaré, na qual disse que Dom Teodoro “Vai encontrar uma diocese onde todos os problemas de administração foram resolvidos”. E este é o grande legado que Dom Alessio deixou para a nossa querida Diocese: proporcionou uma boa organização administrativa para que o próximo bispo, no caso Dom Teodoro, pudesse dar continuidade à caminhada de forma mais tranquila. E desse modo, tendo um tempo um tempo maior para a ação pastoral no Marajó.

É claro que a atuação de Dom Alessio não se resumiu exclusivamente ao âmbito administrativo, muito pelo contrário, ele se dedicou com muita intrepidez à missão evangelizadora na nossa Diocese, procurando conhecer os recantos da Diocese, administrando sacramentos e pregando a Palavra de Deus; também investiu forte na catequese, vocações, comunicação, liturgia, formação de lideranças, etc.

Somos muitos gratos, Dom Alessio, por todo o bem que o senhor realizou em favor de nossa Igreja Diocesana. Foram muitas obras realizadas. Que Deus o recompense por tudo o que fez.

Todos os que tiveram a oportunidade de lhe conhecer de perto são testemunhas de que o senhor foi um grande pastor para a nossa Igreja Marajoara. Um homem bondoso, um coração generoso. Um grande PAI para todos nós.

Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição, nossa augusta padroeira diocesana, esteja sempre intercedendo junto a seu Filho pela sua saúde, pelo seu bem-estar.

 

O autor do artigo é sacerdote da Diocese de Ponta de Pedras. Graduado em filosofia e teologia pelo antigo Instituto Regional de Formação Presbiteral (IRFP N2) e em psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente exerce o ofício de vigário geral e reitor do Seminário Maior Nossa Senhora da Assunção.