Dízimo: dimensão missionária



Por: Pe. Raimundo Pereira de Lima – CSSR


O Ano Diocesano do Dízimo é, para nós, um tempo de graça, de evangelização e conversão. (Carta Pastoral 2019, p. 4)


Outubro é o mês em que a Igreja intensifica a sua oração e ação em prol das missões. Este ano está sendo diferente na Igreja do mundo todo e, de modo particular, na nossa Diocese de Ponta de Pedras, que vive o “Ano do Dízimo”. Tendo em vista que o ano de 2019 marca o centenário da Encíclica Maximum Illud, escrita pelo Sumo Pontífice Bento XV, a qual retrata a atividade desenvolvida pelos missionários no mundo. Nesse sentido, nossa Diocese, em um de seus objetivos para se evidenciar e ressaltar o valor e a importância do Dízimo, destaca a sustentabilidade da ação evangelizadora da igreja.

Cada paróquia, com suas diversas lideranças, movimentos pastorais e a presença eclesial no seu território; na dimensão da escuta da palavra, no crescimento da vida cristã, no diálogo, o anúncio à caridade generosa, adoração e celebração através de suas múltiplas atividades, necessita de recursos financeiros para alcançar tais objetivos dentro do que lhe compete em vista da sua ação missionária.

Sobre este aspecto particular do dízimo, pode-se mencionar a dimensão missionária que, na nossa realidade particular, consiste na formação das lideranças paroquiais, custear despesas de combustível e meios de transporte para viagens ou visitas pastorais e assistência religiosa às comunidades da cidade e do interior, despesas com obras de apostolado, pastorais, movimentos, grupos eclesiais (Carta pastoral 2019, p. 10).

Tudo isso só vem reforçar o grande apelo missionário do Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium para sermos uma “igreja em saída”. E nesse sentido, para que possamos, como igreja, assumir a nossa ação evangelizadora e assim contemplar todos os povos em todos os recantos da nossa diocese, para que conheçam e façam a experiência de Deus e ainda, como cristãos batizados, assumirmos a nossa vocação particular de sermos discípulos missionários, obedientes ao mandato de Cristo que nos pede “Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações” (Mt 28,19-20), devemos cumprir com o nosso dever de consagrarmos regularmente o nosso dízimo.

Ainda segundo o Papa Francisco: “do ponto de vista da evangelização não servem apenas as propostas místicas desprovidas de um vigoroso campo social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração” (Evangelii gaudium 262). Enfatizando ainda mais essas palavras, nosso bispo, Dom Teodoro, diz que “quem é dizimista dá um grande testemunho de fé, esperança e caridade, mostra que tem um coração magnânimo, manifesta sua solicitude com o próximo, ama a Deus e o adora em espírito e em verdade” (Carta Pastoral 2019, p.26).

Na esperança do compromisso de cada cristão e de acordo com suas possibilidades e talentos, nós, como diocese, estamos buscando envolver todos os cristãos no compromisso missionário com a causa do Reino de Deus. Cada cristão batizado é convidado a participar e a tomar consciência de sua responsabilidade na evangelização através da consagração do seu dízimo, da oração e do trabalho voluntário na Igreja. Pois ninguém é tão pobre que não tenha nada a oferecer a Deus e quem colabora de alguma forma com a missão, tem seus méritos como missionário. “Missões se fazem com os pés dos que vão, com os joelhos dos que ficam e com as mãos dos que contribuem” (Oswald Smith).

Temos conhecimento de que a pastoral do dízimo tem muitos desafios e está muito aquém das necessidades para o dinamismo pleno da evangelização, por isso é que se faz necessário continuar conscientizando as pessoas de seu compromisso como cristãos batizadas para também se tornarem discípulos e missionários, por meio de visitas, palestras e formação. Utilizando tais recursos, poderemos amenizar as lacunas deixadas por tantos anos em que não houve aprofundamento e enfatizarão da importância na implantação dessa pastoral em nossas paróquias.

Cada cristão, fiel à sua igreja, é chamado a se questionar como anda a sua participação, compromisso e testemunho no que se refere à sua colaboração com o dízimo de sua comunidade? As necessidades são claras e evidentes: nosso povo tem sede da palavra de Deus e do pão que dá sustento à sua vida de fé, em outras palavras, necessita urgentemente ser evangelizado.

Diante do exposto, os apelos a um sentimento de pertença e corresponsabilidade precisa ser despertado no coração de todos aqueles que se sentem membros do mesmo corpo que é a Igreja e que professam ter o Cristo como cabeça.



Referências
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo, Edições Paulinas, 1985.
FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. 1ª ed. São Paulo: Paulinas, 2013.
MENDES, D. Teodoro. Carta Pastoral ao povo de Deus da Diocese de Ponta de Pedras- PA, p.26, 2019.
SMITH, Oswald. Chamado para as Nações. Disponível em: <https://chamadoparanacoes.wordpress.com/2013/12/18/missoes-a-obra-esta-em-nossas-maos/>. Acesso em: 28 set. 2019.


O autor do texto nasceu em Muaná em 26 de janeiro de 1968. Realizou sua caminhada formativa pela Congregação do Santíssimo Redentor, tendo sido ordenado presbítero em 12 de janeiro de 2008, em Belém. Atualmente exerce seu ministério como vigário da Paróquia São Francisco de Paula, Diocese de Ponta de Pedras.





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