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Cemitério de Santa Isabel em Belém |
Artigo escrito pelo professor Ricardino Lassadier sobre como se deve lidar com os corpos dos defuntos.
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Faz
poucos dias celebramos os “Fiéis Defuntos” ou como é mais conhecido o “Dia de
Finados”.
Como
de costume fui ao cemitério e participei da Santa Missa. Uma cena me chamou a
atenção: um grupo de pessoas em círculo, ao redor de uma sepultura, de mãos
dadas rezando um Pai-Nosso. O dia anterior (1º de novembro) foi dedicado a
todos os santos, festa litúrgica que aqui no Brasil é transferida para o
domingo mais próximo.
Pensando
nessas realidades, lembrei como é maravilhoso fazer parte da Igreja Católica,
ser seu filho. Fazemos parte de uma mesma família, cujos membros estão em
dimensões diferentes.
A
Sã Doutrina ensina que a Igreja tem três estados: “Até que o Senhor venha em
sua majestade e com ele todos os anjos, e destruindo a morte, todas as coisas
lhe forem sujeitas, alguns entre os seus discípulos peregrinam na terra,
outros, terminada esta vida, são purificados, enquanto que os outros são
glorificados, vendo claramente o próprio Deus Trino e Uno, assim como é (Lg
49): todos, porém, em graus diversos participamos da mesma caridade de Deus e
do próximo e cantamos o hino de glória ao nosso Deus. Pois todos quantos são de
Cristo, tendo o seu espírito, congregam-se em uma só Igreja e Nele estão unidos
em si” (CIC, 394).
Uma
só família, uma só realidade: a Igreja. Estados diferentes: Peregrina (composta
por aqueles que caminham neste mundo); Padecente (é a “turma” que se encontra
no purgatório); Triunfante (é o “Pessoal” que já goza da bem-aventurança plena
e eterna no paraíso, que é a Jerusalém Celeste).
Isso
quer dizer que você e eu não deixaremos de ser católicos nem depois de mortos.
A Igreja é maior do que a morte, transcende a morte. Assim como Jesus venceu a
morte, a Igreja não é sucumbida pela morte. Uma vez católico, eternamente
católico. Que beleza!
Mas,
dos três estados da Igreja, somente nós, do estado peregrino, ainda não
passamos pela experiência da morte. Isso nos remete a duas observações. Primeira:
a maior parte da Igreja não está aqui neste mundo, a maior parte da Igreja não
é visível, a maior parte da Igreja está no céu ou no purgatório. Segundo: a
Igreja de Cristo não é uma realidade somente social ou sociológica ou
histórica, mas, sobretudo, uma realidade espiritual.
Um
dia também cada um de nós participará desses estados imateriais, e isso
acontecerá quando passarmos da experiência da morte.
Nós
católicos sabemos que a morte é um fenômeno natural que acontece quando corpo e
alma se separam, “Visto que os órgãos corpóreos (coração, pulmões, fígado...)
se vão desgastando a tal ponto que cedo ou tarde, o organismo já não pode
preencher as funções da vida; por isto a alma- princípio vital (espiritual e
imortal)- se separa do corpo”. (curso de escatologia, Mater Eclesia. P. 11).
Sabemos
que a morte tem um caráter assustador e isso é por causa do pecado original e
não por vontade de deus. Diz a Sagrada Escritura: “Deus não fez o a morte nem
experimenta alegria quando perecem os vivos. Ele criou todas as coisas para que
tenham a existência” (Sb 131).
O
Senhor nos fez como ato de seu amor para vivermos com Ele, gozando a felicidade
eterna, diz o Catecismo da Igreja Católica logo no seu número 1. A Escritura
ensina: “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez imagem de sua própria
natureza. Foi por inveja do Diabo que a morte entrou no mundo” (Sb 2, 23-24).
Mesmo
depois da morte, a Igreja continua olhando e cuidando de seus filhos mediante o
sufrágio pelas almas (cf. CIC 958). Porém, também o corpo merece atenção e
cuidado: “Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na
fé e esperança da ressurreição. O enterro dos mortos é um obra de misericórdia
corporal (Tb 1,16-18) que honra os filhos de deus, templos do Espírito Santo”
(CIC 2300).
Respeito
e caridade para com os corpos significa atenção para com a dignidade da pessoa
humana. Nesse sentido pergunta-se: sepultar ou cremar? A resposta você lê no
próximo artigo dessa série.
Sigamos
em frente pensando com a Igreja no serviço da verdade.
Fiquemos
com Nossa Senhora e São José.
O professor Ricardino Lassadier é graduado em filosofia pela
Universidade Federal do Pará (UFPA), com especialização em filosofia também
pela UFPA e especialização em teologia pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA).
É membro do corpo docente da Faculdade Católica de Belém.
Meu pai antes de morrer expressou o desejo de que queria ser cremado,mas sem qualquer qualquer motivação anticristã,pelo contrário ele sempre foi muito devoto de Nossa Senhora Aparecida. Cremos que ela acolheu nos céus.
ResponderExcluirBráulio Cardoso