No dia 01 de setembro, a Câmara Municipal de Cachoeira do Arari realizou uma sessão solene em homenagem aos 270 anos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em reconhecimento pelos serviços prestados pela paróquia ao município.
A seguir leia na íntegra o discurso do vigário geral da Diocese de Ponta de Pedras, Pe. Antonio Cardoso, que esteve representando o bispo diocesano.
Autoridades aqui presentes,
senhores e senhoras. Bom dia.
A Paróquia Nossa Senhora da
Conceição de Cachoeira do Arari, em comunhão com todas as demais paróquias
pertencentes à Diocese de Ponta de Pedras, porção da Igreja Católica presente
neste Arquipélago Marajoara celebra, neste ano de 2018, 270 anos da sua criação.
O ano de 1747 é a referência que se tem como a oficialização deste lugar por
parte das autoridades da Igreja como sede de uma igreja paroquial, sendo na
época bispo da Diocese de Belém do Grão Pará Dom Frei Guilherme de São José Aranha . Sendo,
portanto, a mais antiga das paróquias que hoje compõem a Diocese de Ponta de
Pedras.
Poucos registros históricos se
têm dos primórdios da atuação da Paróquia. Não se tem conhecimento da presença
efetiva e permanente de um pároco no decorrer dos primeiros dois séculos de sua
existência. Mas Deus sempre se fez presente abençoando este lugar pela materna
intercessão da Virgem da Imaculada Conceição e pela colaboração de homens e
mulheres, leigos e leigas que na sua simplicidade devocional sustentaram a fé
católica ao longo dos anos.
Não se pode negar que o homem
marajoara cachoeirense sempre esteve impregnado de uma forte religiosidade,
mesmo não tendo toda uma clareza da fé. Em meio a todos os desafios da vida,
ajudou a consolidar a fé em Jesus Cristo por estas terras, pelos rios e campos,
dando abertura para que o Espírito Santo fizesse morada em suas mentes e em
seus corações.
Nesta caminhada de 270 anos,
não podemos deixar de manifestar nosso apreço aos padres da Companhia de Jesus,
os padres Jesuítas, que ao que nos parece foram os primeiros a fixar residência
na sede paroquial, possibilitando, desse modo, um acompanhamento
espiritual-evangelizador mais sistemático do povo católico habitante destes
campos marajoaras. Os desafios, com certeza, foram imensos. Mas estes bravos
missionários, para maior honra e glória de Deus, não mediram esforços para
levar a Palavra de Deus, o conforto espiritual dos Sacramentos e o conforto
material a quem precisava. Destes bravos missionários jesuítas que vieram para
o Marajó brotaram os dois primeiros bispos desta Igreja Particular: D. Angelo
Maria Rivato, de feliz memória e D. Alessio Saccardo.
Ao longo desta caminhada não
podemos também nos esquecer da importante presença das Irmãs de Maria Imaculada
que recentemente celebraram 50 anos de presença aqui em Cachoeira. Quantas
famílias, quantas jovens foram ajudadas e formadas pelo trabalho caritativo das
Irmãs. Rendemos graças a Deus pelo bem que as Irmãs fizeram e continuam fazendo
nesta Paróquia.
Somos gratos à colaboração da
então diocese irmã de Pouso Alegre (MG) que veio por um tempo colaborar conosco
na ação evangelizadora desta Paróquia.
Passados 270 anos, hoje vivemos
uma nova etapa desta longa história. Nossa Diocese amadureceu na medida em que
formamos um clero local, um clero com rosto marajoara ou que assume esta
identidade marajoara como própria. Esta nova etapa que estamos vivenciando deve
ser valorizada com muito carinho por todos nós. Lembrando a célebre frase de D.
Angelo que dizia: “O Marajó salvo pelos marajoaras”. Esta maturidade vocacional
que se estabelece em nossa Diocese deve ser acompanhada de responsabilidade.
Pois todos nós, em comunhão com o nosso Bispo Diocesano D. Teodoro Mendes
Tavares, somos responsáveis em levar em frente este trabalho evangelizador,
através da nossa participação ativa na vida da Igreja, através da nossa
colaboração para a sua sustentabilidade através do nosso dízimo e através da
manifestação do nosso amor incondicional por esta Igreja fundada pelo próprio
Cristo.
Jesus disse a Pedro: “Tu és
Pedro e, sobre esta pedra, edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno
não poderão vencê-la” (Mt 16,18). Estas palavras de Jesus nos dão a certeza de
que as celebrações da longa caminhada desta Paróquia não são meras
manifestações de euforia e vazias de sentido, mas é a certeza de que estamos no
caminho certo, no caminho da construção do Reino de Deus. Apesar dos
contratempos, dos reveses, das tempestades, das maresias, temos a certeza de
que Deus caminha conosco e estamos protegidos sob o manto da Virgem Imaculada
Conceição, que nos dá força para
superarmos nossos pecados, nossas limitações humanas e darmos continuidade a
esta caminhada rumo ao Reino Definitivo.
Concluo esta minha exposição pedindo
ao Senhor nosso Deus que abençoe todo o povo deste amado município de Cachoeira
do Arari. Ele que nos deu a graça de fazer surgir este município sob a proteção
da Virgem Imaculada Conceição a quem Ele, de um modo especial, escolheu para
ser a Mãe de Nosso Redentor Jesus Cristo, para que aqui possa sempre reinar a paz
e a prosperidade. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pe. Antonio Cardoso
Vigário Geral da Diocese de Ponta de Pedras
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