A história dos municípios da diocese está extremamente vinculada com a igreja católica, cinco deles nasceram como freguesias, o que revela, em primeiro lugar, a grande influência da religiosidade católica na formação e desenvolvimento desses locais em vários aspectos.
A população da diocese é majoritariamente
religiosa, essa religiosidade é marcada tanto pelo catolicismo oficial, quanto
pelas crenças de matriz indígena que, ao longo do processo histórico se
misturaram com o catolicismo popular, principalmente entre as populações
ribeirinhas. Essas crendices influem em diversos aspectos da vida dessas
populações como o modo de agir, de se relacionar, de tratar de doenças pois
ainda é muito comum, nas comunidades, a figura do pajé como agente de cura
mágica e de cura empírica, dado o conhecimento que possui, além das ervas medicinais. Antes da criação da
diocese, essa realidade era muito mais forte, porém, com a presença mais
efetiva da Igreja, muito do sincretismo foi combatido.
Esse processo de “purificação”, isto é, “romanização”
da religiosidade do povo foi um grande desafio para os primeiros missionários
jesuítas que vieram trabalhar na diocese, tiveram de usar uma pedagogia que
convencesse que só o catolicismo -sem interferência de outras formas de
religiosidade- era suficiente para suprir as necessidades espirituais. Tal
projeção não poderia realizar-se de uma hora para outra, pois o povo tem
profundas raízes culturais, com muito esforço é que se foi alcançando o
objetivo, porém, ainda é possível encontrar um certo sincretismo.
A população dos municípios da diocese pode
ser considerada tipicamente paraense, sem muitas influências de outras regiões,
costuma ter os mesmos hábitos culturais ribeirinhos encontrados em outras
regiões caracteristicamente paraenses. A música, a dança, a culinária, o modo
de falar, obedecem ao padrão da região mais tradicional do estado.
No calendário anual da diocese estão marcadas
as festas dos santos padroeiros. Além disso, ocorre o Círio em todos os
municípios. Entre as festas, algumas vêm atreladas a questão cultural como a
festa de São Benedito, em Muaná, que recebe muita influência da festa de
Bragança e, principalmente, a de Gurupá; festividade de São João Batista, em
Curralinho, que apresenta os costumes típicos das festas juninas: dança de
quadrilhas, levantamento do mastro do santo, venda de comidas típicas entre
outras; festa de São Sebastião, em Cachoeira do Arari, onde ocorre muita
expressividade popular, envolvendo muitos elementos, dentre eles o mastro do
santo.
Ocorrem também as ladainhas e a peregrinação
do santo antes da festa, que é denominada de “esmolação”, com a finalidade de
arrecadar fundos para a festa. A Irmandade do Glorioso São Sebastião de
Cachoeira do Arari junto com o Museu do Marajó solicitaram ao Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que a festa fosse reconhecida como
Patrimônio do Brasil.
A FACE RIBEIRINHA DA DIOCESE
A geografia do Marajó é marcada pela
existência de um grande número de cursos d’água como rios e igarapés. Eles são
tão importantes que acabaram por moldar a cultura e a identidade marajoara,
caracterizando os municípios como ribeirinhos.
Os rios são quase que as únicas vias de
transporte, importantes para o escoamento dos produtos da ilha; são também uma
fonte de alimento, além de estabelecerem uma ligação mística com os ribeirinhos, são muitas as
histórias e lendas envolvendo figuras aquáticas ou que se passam na beira dos
rios.
Os rios foram determinantes para o surgimento
das cidades marajoaras, é quase um padrão: cidade marajoara tem de ribeirinha.
É quase inconcebível imaginar uma cidade no Marajó que não seja banhada por
água.
O povo marajoara também demostra sua ligação
com esses cursos d’água. Os ribeirinhos são profundos conhecedores (peritos)
dos rios, dominam as técnicas para extrair dele o seu alimento, decoram
caminhos para se locomover de um ao outro, constroem suas moradias nas margens.
A religiosidade do povo marajoara também se
adequa a realidade ribeirinha, as inúmeras procissões fluviais são a expressão
mais significativa disso; nas festas dos padroeiros acontecem as celebrações
litúrgicas, os arraiais, mas não podem faltar as procissões em que as imagens
são cortejadas nos barcos pelos rios marajoaras.
Talvez esteja na nomenclatura dos rios uma
das maiores heranças indígenas deixadas no Marajó, a maioria deles é
identificado por termos atribuídos pelos primeiros habitantes da ilha,
“Tapuruquara”, “Inamarú”, “Urinduba”, “Ipauçú”. São muitos os rios com nomes
indígenas, o que sustenta uma ligação das atuais populações com seus
antepassados nativos.
Confira abaixo um gráfico com alguns dados populacionais da diocese.
Municípios
|
Microrregião
|
População
total
|
Católicos
|
Ponta de Pedras
|
Campos Marajoaras
|
29. 160
|
15. 420
|
Cachoeira do Arari
|
Campos Marajoaras
|
22. 449
|
14. 874
|
Santa Cruz do Arari
|
Campos Marajoaras
|
9. 417
|
5. 328
|
Muaná
|
Furos e rios marajoaras
|
37. 977
|
23. 515
|
São Sebastião da Boa Vista
|
Furos e Rios Marajoaras
|
25. 161
|
13. 178
|
Curralinho
|
Furos e Rios Marajoaras
|
32. 248
|
17. 751
|
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