Os católicos adoram imagens?





Por: Pe. Silvio Santos
Artigo publicado em maio de 2008 no jornal impresso "O Farol", da diocese de Ponta de Pedras.

Um problema constante para os fiéis católicos menos informados, trazido sobretudo por algumas seitas, é quanto ao uso de imagens pelos católicos. Dizem, maliciosamente, que nós as adoramos. Por isso nos chamam de idólatras. E ainda invocam a Bíblia para essa afirmação, citando principalmente o livro do Êxodo (cf. Ex 20, 3-5).

Quando falam desse assunto, tomam todo tipo de imagem como ídolos. A proibição que está na Bíblia (Ex 20,3-5 e Dt 4, 16-19), refere-se às imagens de deuses estrangeiros, que são verdadeiros ídolos, e não a qualquer espécie de desenho, pintura ou escultura, ou seja, a Bíblia proíbe a representação ou figuras de falsas divindades, que na época em que a Bíblia foi escrita, assumiam formas de pessoas, animais e astros. Além disso, na formação do povo de Deus, a Bíblia proíbe as imagens de falsos deuses para educar os fiéis, a fim de que nelas (nas imagens) não vejam a presença de Deus, prática muito comum nas religiões pagãs com as quais o povo de Israel se relacionava. Identificar a imagem com Deus é realmente idolatria, o que tanto a Sagrada Escritura quanto a Igreja Católica, autêntica guardiã das Escrituras Sagradas, proíbe.

Na época em que se formava a convicção de fé no único Deus, quando muitos povos ainda eram pagãos e idólatras, o Senhor “ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziam simbolicamente à salvação, através do verbo encarnado”. Todos conhecem, por exemplo, as narrações bíblicas sobre a serpente de bronze que Moisés ergueu por ordem de Deus (Nm 21, 4-9), mais tarde, o episódio foi interpretado pelo evangelista São João como figura de Cristo (Jo 3,14).

Também a Arca da Aliança e os querubins foram feitos a mando de Deus. Leia os textos: Ex 25, 10-22; 1Rs 6, 23-28. Nos primeiros tempos da Igreja, as imagens e pinturas, sobretudo tinham um caráter pedagógico, sendo consideradas “o livro dos pobres” porque mostravam e educavam o povo sobre a história da salvação. O Catecismo da Igreja diz que a “iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra (CIC 1160). Imagem e palavra iluminam-se mutuamente”.

No ensino tradicional da Igreja, encontramos um trecho em que São João Damasceno diz o seguinte: “Antigamente, Deus, que não tem corpo nem aparência, não podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus...”. Portanto, o culto que prestamos às imagens “não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos”. A honra que nós, católicos, prestamos às imagens é uma veneração respeitosa, e não uma adoração como dizem as seitas”. Adoramos somente a Deus na Santíssima Trindade.

 O autor do texto é sacerdote da Diocese de Ponta de Pedras, tendo sido ordenado em 29 de janeiro de 2011, em São Sebastião da Boa Vista, pelas mãos de Dom Alessio Saccardo, SJ. Atualmente exerce seu ministério pastoral como pároco da Paróquia São João Batista, em Curralinho. 


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