Experiência dos Irmãos da Sagrada Face em terras marajoaras



No finalzinho do ano de 2017, nós: Ir. Dannilo, Ir. André e Ir. Josimar, fomos surpreendidos com uma boa notícia: irmos à região metropolitana de Belém-PA (Ananindeua) para também ali encontrarmos a Face de Deus que se revela a nós no rosto de tantos irmãos e irmãs... A pedido de Dom Teodoro Mendes, bispo diocesano de Ponta de Pedras na Ilha do Marajó-PA e atendendo ao apelo da Igreja na Amazônia, partimos para uma nova missão. Como sermos indiferentes a este apelo que arde em nossos corações de Consagrados? É impossível não recordarmos a estrofe do Hino da Campanha da Fraternidade 2007 que ainda hoje ecoa em nós: “Amazônia, levamos ao mundo, o clamor que se faz tão profundo por justiça, trabalho e pão, pela vida que se manifesta, pelos nossos irmãos da floresta, pela paz e evangelização”. Estamos indo por uma causa... Tudo por causa de uma grande Amor! E, por isso, estamos felizes de podermos contribuir com a oferta de nossas vidas para a evangelização desta porção do povo de Deus e, mais felizes ainda, por vivermos tal experiência justamente depois da surpreendente convocação do Papa Francisco para uma “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica” que acontecerá em Roma, em outubro de 2019, cujo objetivo, como expressou o Papa, é: “identificar novos caminhos para a evangelização [...], especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.” (Oração mariana do Angelus, 15 de outubro de 2017).

Partindo destas motivações, permitam-nos partilhar um pouco da nossa experiência: já faz alguns meses que chegamos no Estado do Pará. Aos poucos, aquele convite inesperado de uma nova missão que, de certa forma desconsertou-nos a todos, pois não estávamos programados, vai ganhando forma e enchendo-se de luz. É também este um processo pascal, um convite a passar do velho para o novo, certamente um pouco doloroso, pois exige êxodo, renúncias, sacrifícios e, acima de tudo, amor, mas é também um caminho de alegria, uma vez que nos deixamos tocar por realidades novas que alargam nossos horizontes e perspectivas.

Antes de tocar o solo Amazônico, ainda sobrevoando-o, a imensa paisagem composta por grande extensão de rios e florestas nos enchiam os olhos e, de certa forma, já nos colocava diante do novo que Deus nos havia reservado. Ao chegarmos em Belém-Pará, nos dirigimos para Ananindeua-Pará, onde estamos residindo no Seminário Maior Nossa Senhora da Assunção da Diocese de Ponta de Pedras, este tem sido um tempo de aprendizados, partilhas, mas acima de tudo, de confiança e abandono nos braços do Senhor que vai nos conduzindo com sua ternura de Pai.

Das inúmeras coisas que poderíamos destacar destes primeiros meses, uma não pode ser esquecida: o encontro com a Mãe de Nazaré, tão amada nestas terras paraenses. Irmos ao seu Santuário, não era apenas um desejo nosso, mas um compromisso. Queríamos, no início de tudo, contar com a sua bênção e proteção materna, ela que foi fiel ao projeto de Deus, certamente, teria muito a nos dizer naquele encontro. Não usamos muitas palavras, apenas uma singela troca de olhares que, certamente, nos preparou para contemplarmos depois tantas realidades, nas quais a Face de Jesus ainda encontra-se desfigurada, de maneira especial, os tantos rostos da nossa nova terra de missão, a Ilha do Marajó, na qual nossas Irmãs da Sagrada Face, há quase 15 anos, armaram a sua tenda.

O Arquipélago do Marajó é a maior Ilha costeira do Brasil e, a maior Ilha fluviomarítima do mundo, com uma população de mais de 500 mil habitantes, é marcada por diversas realidades, dentre estas, algumas de dor e sofrimento, exploração e pobreza, falta de assistência e cuidados... É neste contexto que as palavras do Papa Francisco parecem ecoar ainda mais fortemente em nossos corações: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo [...] Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo.” (Evangelii Gaudium, n. 49). Quantas realidades ainda precisam ser iluminadas pela luz da Palavra de Deus, esta tem sido uma das nossas grandes constatações diante da atividade pastoral que estamos desenvolvendo na Ilha de Marajó.

Realizamos visitas às famílias, celebrações da Palavra de Deus nas comunidades ribeirinhas, formações nas mais diversas pastorais, programas radiofônicos, entre outras atividades. Mas, sobretudo buscamos ser uma presença amiga e acolhedora às pessoas, em sintonia com o nosso Carisma. Não obstante às dificuldades e desafios da missão, o Senhor vai nos capacitando para acolhermos o dom do Seu amor e transmiti-lo aos outros.

Diante de todas as alegrias, desafios e incertezas da missão, vale a pena lançarmo-nos na novidade de Deus, para colaborarmos na missão redentora de Jesus, na ousadia do Espírito Santo. Somos gratos a Deus por esta oportunidade de crescimento, na alegria e na cruz. Que não nos falte a alegria do Evangelho, como aquela alegria de um marajoara ao saber que, na refeição, não faltará a farinha e o açaí. Pedimos de que nos acompanheis com as vossas orações. Fraternalmente, na Sagrada Face de Jesus:



Ir. Dannilo Luiz Rocha Lira, RSF
Ir. Francisco Josimar Chaves, RSF
Ir. André Vinícius Mendes de Sá, RSF

























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