Por: Pe. Antonio Cardoso
Antes de iniciarmos a falar
propriamente sobre o que é o dízimo, quero fazer uma breve retrospectiva histórica da implantação do dízimo em nossa diocese, pois acredito que isso
também facilita uma melhor compreensão.
No final da década de
90 do século passado, começaram a ser ordenados os primeiros padres marajoaras.
Isso foi uma grande graça para a nossa Igreja diocesana, mas, ao mesmo tempo,
uma preocupação: como manter as paróquias e a sustentação dos padres nesta nova
realidade?
Até então, pouco ou
nada se sabia a respeito do dízimo entre os nossos fiéis. Foi, portanto,
necessário todo um processo formativo nas comunidades e matrizes para que o
nosso povo começasse a entender o que seria o dízimo e qual a sua finalidade.
Passados mais ou menos
22 anos desde o início da implantação do dízimo em nossa diocese, talvez ainda
precisamos compreender o seu significado. Não simplesmente num sentido teórico
e material, através das palavras, haja vista que ao longo destas últimas
décadas,muito falamos e muito ouvimos fala sobre o que é o dízimo.
Vejo, portanto, a necessidade
de termos uma compreensão espiritual a respeito do dízimo. Que nosso
conhecimento não esteja simplesmente no nosso intelecto, mas esteja no nosso
coração, no nosso ser, pois, somente assim, seremos dizimistas fiéis para
sempre e em qualquer circunstância.
O dízimo é definida
como “uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada
comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja” (CNBB, doc
106, p. 13). Sistemática porque é estável, assumida de modo permanente. Periódica
porque em geral é uma contribuição mensal, mas pode também estar associada à
colheita de um determinado produto (como é o caso da safra do açaí).
Não podemos também
esquecer da perspectiva do dízimo dentro de um compromisso de fé, uma
experiência de Deus em nossa vida, Ele que foi capaz de entregar o seu próprio
Filho em sacrifício,em favor de todos nós.
Diante do
reconhecimento de tanto amor que Deus manifesta para conosco, devemos retribuir
a este amor.O dízimo é um antídoto que nos faz combater o egoísmo,a ganância, o
acúmulo de bens. Ajuda também a olhar o outro como irmão, com o qual eu posso partilhar
daquilo que tenho em favor de todos.
Somos, portanto,
chamados a aprofundar o nosso conhecimento do dízimo nesta perspectiva
espiritual, para que possamos abolir de nossa mente qualquer ideia errônea
acerca do seu significado.Nunca olhemos o dízimo como um favor que se presta à
Igreja ou um pagamento que se faz todo mês, mas sempre como um ato de agradecimento
por tudo o que o Senhor faz por nós.
O autor do artigo é sacerdote da Diocese de Ponta de Pedras.
Graduado em filosofia e teologia pelo antigo Instituto Regional de Formação
Presbiteral (IRFP N2) e em psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
Atualmente exerce o ofício de vigário geral e reitor do Seminário Maior Nossa
Senhora da Assunção
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